A Câmara Municipal de Miranda do Douro organizou no dia 2 de setembro uma caminhada designada Caminhada Intergeracional. Esta evento integrou um conjunto de iniciativas da autarquia no âmbito do 2012 Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações.
As caminhadas e percursos pedestres são uma característica de à longa data desta autarquia. Não pude deixar de sentir saudade de anos passados, por exemplo em Setembro de 2004, quando fiz um passeio pedestre precisamente de Miranda do Douro ao Naso.
Desta vez fui expressamente a Miranda para participar na caminhada. A partida estava marcada para as 8 e meia da manhã e não houve atraso. No momento que cheguei junto do Posto de Turismo da cidade, começaram a sair os participantes mais apressados.
Não fazia ideia do número de participantes que haveria. Desde 2004 a 2012 este tipo de eventos têm-se repetido com bastante frequência e com uma adesão muito grande, exemplar para concelhos vizinhos. Soube que havia mais de duas centenas de inscrições, mas a participação foi menor. Só contam os que estão...
Mal tive tempo para receber um boné e uma garrafa de água e já estava a caminhar pela 1.º de Maio tentando não me atrasar do pelotão. Já sei que nestas andanças um minuto de atraso é difícil de recuperar, mas eu tinha que chegar à "cabeça" do grupo, se queria tirar alguma fotografia mais interessante.
O percurso seguido é quase uma linha reta entre Miranda do Douro e o Santuário do Naso, com passagem por Malhadas. A outra alternativa é o percurso que passa por Palancar e Póvoa, também já seguida nalgumas edições.
O passo seguido era bastante rápido. Há sempre receio que o calor aperte, ou que o tempo não seja suficiente. Houve sempre a preocupação de manter o grupo mais ou menos coeso, não deixando ninguém ficar muito para trás. Isso foi conseguido com alguns abrandamentos do grupo da frente, mesmo com o protesto dos mais afoitos para a caminhada.
A paisagem é deslumbrante, mas o fim do verão também não é a melhor altura para apreciar a natureza. Não há gota de água nos ribeiros e as charcas estão praticamente vazias. Nos campos predominam os tons pastel, onde se destaca o verde dos freixos típicos dos lameiros do planalto. Há também carrascos e alguns zimbros, mais abundantes noutras zonas do concelho. Os pombais aparecem espalhados pelos campos e os encontros com manadas de vacas, burros de raça mirandesa e rebanhos de ovelhas são quase certos.
O grupo era heterogéneo, constituído por pessoas de idades muito distintas (alguns espanhóis). Havia muitas crianças e jovens e alguns idosos. Não seria muito fácil para alguns idosos fazerem quase 14 km do percursos numa manhã de verão, mas os que participaram mostraram serem rijos, caminhando lado a lado com filhos (e netos)!
Pouco passava das 10 da manhã quando passámos Malhadas. O autocarro da câmara espera na estrada da Póvoa para transportar alguém que estivesse em dificuldades, mas a ambulância dos bombeiros seguiu sempre na cauda do grupo, para socorrer nalguma emergência.
Foi curioso verificar que de todo o gado bovino com que nos cruzámos pelos caminhos, nenhum era de raça mirandesa. É caso para pensarmos que a tão deliciosa posta mirandesa será cada vez mais rara, caso o entusiasmo para a criação desta raça continue a diminuir.
Ainda tive esperança que o percurso nos levasse ao Santuário Mariano do Picão. Fui acompanhando à distância algumas notícias do que ali se ia passando e gostava de verificar in loco, mas não se efetivou o meu desejo. Isso obrigaria a um desvio não previsto. Felizmente a manhã esteve sempre fresca, com algum vento, o que ajudou bastante a caminhada.
Entrámos no termo da Póvoa, para os últimos quilómetros. Após um derradeiro esforço o grupo chegou à Estrada Municipal 544, que conduz à entrada do grande Santuário do Naso.
A minha esperança de conseguir uma fotografia com o grupo todo reunido desvaneceu-se. Atingido o destino, cada um seguiu o seu programa. A maioria das pessoas fez uma visita à capela. Nossa Senhora do Naso é muito venerada pelas gentes de Miranda (e por pessoas dos dois lados da fronteira).
A capela é muito bonita, cheia de painéis de azulejos e com o chão rústico, com desenhos feitos de pequenas rochas de quartzo. Mas é no altar da capela mor que todas as atenções recaem. Ao centro está a belíssima imagens de Nossa Senhora do Naso.
Não há Senhora mais linda
Dizem aqui tantas vezes,
Do que a Senhora do Naso,
Senhora dos Mirandeses.
Estava prevista a partilha do farnel. O autocarro transportou alguns até ao santuário, mas a maioria das pessoas optou por regressar de imediato a Miranda. Estamos numa época de crise, mas este não é o procedimento a que eu estava habituado. Seria até de pensar que o convívio entre gerações fosse mais efetivo em volta da mesa, mas isso ficou à responsabilidade de cada um.
A minha família foi ter ao Naso, com um "farnel" considerável. Ficámos no Santuário quase toda a tarde, tal como alguns outros grupos, uns participantes na caminhada, outros não.
Foi muito bom o reencontro com os caminhos do Planalto, mas também com as pessoas. Encontrei conhecidos, ex-colegas de trabalho e muitos amigos que já não via há algum tempo.
Infelizmente não foi possível voltar ao Naso para as festas, dias 6. 7 e 8, mas haverá outras oportunidades para caminhar, conviver e festejar.
Fica aqui o traçado da caminhada, para alguém que a queira fazer. É possível descarregar os dados para um grande leque de aparelhos de GPS. O grau de dificuldade é Fácil, uma vez que a inclinação é pouca e distribuída ao longo de todo o percurso.
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