25 de abril de 2015

Trail Miranda do Douro - Caminhada

Amigo como sou da natureza e da aventura, não podia deixar de passar em branco a realização do Trail Miranda do Douro que teve lugar no concelho nos dias 10, 11 e 12 deste mês.
Acompanhei à distância algumas provas do género, nomeadamente no concelho de Montalegre, e, quando apareceu a notícias que que haveria um evento em Miranda do Douro apressei-me a marcar os dias no calendário.
A minha idade, meu peso, e, sobretudo, o meu sedentarismo, não me permitiram sonhar com as provas mais importantes, como o Trail, ou a Maratona, a ideia era só estar presente e acompanhar o movimento que um evento do género iria trazer a Miranda do Douro (concelho).
As inscrições foram crescendo e somaram mais de 3 centenas, quase 4! O Trail Miranda do Douro integrou a European Moutain Marathon, pontuando para ao Trail do Monte Branco, um sonho de prova, até para quem só pode apreciar as imagens e não pode subir e descer os Alpes.
Fotografia de Duarte Pacheco
A par das diferentes provas chamou-me a atenção a organização do Mercadinho Corridinho, ideia inteligente para vender os produtos da terra a todos os visitantes. É notório o esforço em certificar, mostrar e vender os produtos de Miranda, em mercados e feiras  no concelho, mas também na participação em eventos nacionais e na vizinha Espanha.
No dia 10 à  noite cheguei a Miranda, com mau tempo, preocupado com as condições atmosféricas que se fariam sentir no dia seguinte. Inscrevi-me na caminhada, com uma extensão aproximada de 15 Km. Faria a caminhada com qualquer tipo de condições atmosféricas, como rijo transmontano que julgo ser. Não seria uma chuva miudinha a demover-me de caminhar.
No sábado de manhã fui dos primeiros a chegar ao Estádio Municipal. Não chovia mas havia nevoeiro que impedia de ver a silhueta das muralhas do castelo. Os atletas foram chegando e fazendo o seu check in, no balcão montado para o efeito, munido de um sistema informático onde constavam todos os inscritos. Ao contrário dos computadores, os operadores não estavam assim tão bem preparados. Eu estava confuso com o almoço. No programa constava um reforço à chegada, mas ninguém me soube confirmar como, onde e quando. Dada a falta de informação arrisquei a telefonar à família dizendo que não contassem comigo para o almoço. Prevenido que sou, pelo menos nestas andanças, levava comigo, na mochila, líquidos, fruta e outros alimentos para qualquer eventualidade.
O nevoeiro teimou em não levantar e a partida das diferentes provas foi adiada 45 minutos.
Perto das 10 horas da manhã o sol mostrou-se e os atletas soltaram o seu entusiasmo, com a saída para a Maratona Trail.
Algum tempo mais tarde deu-se a partida para as restantes provas, com a caminhada a ter início perto das 11 horas. Soube então que o destino seria S. João das Arribas, na aldeia de Aldeia Nova. Confesso que fiquei um pouco despontado. Tinha para mim que a organização teria seleccionado um trilho fantástico, percorrendo as arribas do Douro, com vistas de cortar a respiração e descobertas nunca feitas nas minhas caminhadas mal programadas e sem guia, mas tal não aconteceu.
O traçado da caminhada foi o mais pobre que se podia oferecer, para nós que somos da terra e que já o fizemos mais de meia dúzia de vezes. Pode ser que os visitantes o tenham achado interessante, mas eu acho que nada foi feito para o enriquecer.
Felizmente o resto de nevoeiro desapareceu e quando percorremos o Parque Urbano do Rio Fresno o céu já se apresentava de um belíssimo azul, anunciando um dia fora de série para percorrer o Planalto.
Começámos pelo Parque Urbano do Rio Fresno; subimos ao Castelo; passámos pelo Mercadinho e saímos pela Terronha em direção a Vale de Águia. Pelo caminho não tivemos direito a admirar o rio Douro, a visitar um dos moinhos de água ou mesmo o castro de Vale de Águia. A organização e apoio estava limitada a um guia, que seguia à frente, invitando qualquer afastamento do caminho, uma vez que não poderia controlar todo o grupo (cerca de 60 pessoas).
Em Vale de Águia houve "reabastecimento" de  líquidos, em dois fontanários que existem no centro da aldeia. Havia muitas crianças, algumas muito pequenas e foi bom não ser necessário qualquer apoio, caso contrário seria muito complicado.
À uma da tarde estávamos em Aldeia Nova. Foi-nos dito que quem quisesse poderia ficar ali até que o autocarro chegasse, os restantes desceriam ao Castro de S. João das Arribas. Penso que nem meia dúzia de pessoas optou por ficar, o que mostrou uma boa condição física dos caminheiros.
Foi com alguma mágoa que desci ao miradouro. As imagens do último incêndio no local vieram-me à memória e, confesso, nunca vi a paisagem tão despida. Felizmente abril é um mês cheio de vida e tufos de flores alegravam a paisagem dando vida às rochas. Em redor da capela havia lírios em flor e muita verdura. A paisagem era, como seria de esperar, fantástica. Demorámo-nos algum tempo no local. A beleza natural não dispensava uma visita à capela ou uma informação sobre o castro, mas nada disso foi pensado.
Regressámos a Aldeia Nova onde esperámos o autocarro que nos deixou junto ao Estádio Municipal perto das duas horas da tarde.
Ninguém nos informou sobre o reforço. Eu e mais 3 ou 4 pessoas entrámos no estádio e realmente havia reforço; algumas pedaços de tomate, laranja, queijo e marmelada!
Voltei a caminhar até ao Parque Urbano do Fresno  e, tranquilamente, saboreei a merenda que desde as 8 da manhã carregava às costas.
No domingo pretendia deslocar-me por meios próprios para fazer fotografias das provas, não consegui saber os traçados. Sem saber os percursos não conseguia escolher os locais para as fotografias e desisti da ideia.
Decididamente fiquei de pé atrás com a organização do evento. Apenas posso falar da caminhada, em que participei. Mais tarde, chegou-me o feedback de que houve problemas quer nas marcações dos percursos, quer nas cronometragens. E pena, Miranda do Douro merecia melhor.
Tive oportunidade de desabafar com pessoas da Câmara que me informaram que forneceram para os reforços aquilo que a organização pediu. Tiveram até a reocupação de incluir Bola Doce além do solicitado.
Decididamente pensarei duas vezes antes de me inscrever numa prova com uma organização tão "profissional". Estou habituado a participar em eventos onde o mais importante são as pessoas e não os tempos. Parece-me que o evento trouxe bastante gente a Miranda do Douro, mas fico com dúvidas se voltarão, caso haja repetição no próximo ano.
Há três aspectos muito positivos que quero destacar (até porque fica bem terminar com um balanço positivo); as pessoas que participaram na caminhada (incluindo o guia) eram todas muito simpáticas e foi um prazer caminhar com elas: as fotografias que a organização do Trail tirou nas várias provas (com excepção das caminhadas!), ao douro e aos participantes, antes e durante as provas, são de muito boa qualidade e não me tenho cansado de as divulgar no Facebook; por último, e a maior razão para se voltar a Miranda, o dia esteve fantástico, as paisagens são maravilhosas e vale sempre a pena respirar o ar saudável da cidade, das aldeias vizinhas e dos campos que as circundam.


18 de novembro de 2014

Curso Danças de Paulitos

Decorreu no passado dia 15 de novembro, na Casa da Música de Miranda do Douro o curso "Danças de Paulitos - Uma Abordagem histórico-descritiva". Teve o apoio da Câmara Municipal de Miranda do Douro, da Associação da Língua e Cultura Mirandesa e do Centro de Música Tradicional Sons da Terra.
 Quando encontrei o programa do curso nas Redes Sociais despertou-me muito interesse e marquei na minha despovoada agenda o dia 15 para estar presente em Miranda do Douro.
As danças de Pauliteiros sempre me interessaram, nas suas mais variadas componentes, quanto mais não fosse porque as considero uma das manifestações culturais mais genuínas das Terras de Miranda, do Planalto Mirandês e mesmo de parte do Nordeste Transmontano. Devo dizer também que cheguei a participar nalguns ensaios de pauliteiros, mas nunca cheguei a atuar em público. Não foi por falta de vontade ou de jeito, foi mais por compromissos da vida profissional.
O curso, ministrado por Mário Correia, apresentava-se bem estruturado, em 5 aulas, abrangendo os seguintes temas: Área de expansão, Referências antigas, Origem das danças de paulitos, Ocasiões festivas, Descrição da dança, Indumentária, Acompanhamento instrumental, Lhaços da dança de paulitos e Fontes informativas.
Pelo que percebi os destinatários preferenciais seriam os elementos de grupos de pauliteiros ou elementos a eles ligados, mas as pessoas que se inscreveram pertenciam a um leque bem mais alargado, contando com algumas presenças vindas de Espanha. Estava fácil de ver que um dia inteiro sentado numa cadeira a ouvir falar de dança de paulitos não seria muito cativante para a maior parte dos jovens. Mas alguns participaram, e com interesse.
Durante a manhã foram abordadas as questões mais sensíveis, ligadas às origens da dança. Infelizmente, ou talvez não, as minhas dúvidas não foram esclarecidas, antes pelo contrário, fiquei com mais dúvidas. A história nunca é fácil e quanto mais recuarmos no tempo, mais difícil é sustentá-la. Mário Correia repetiu várias vezes que pouco importa o que cada um pensa, ou mesmo o que o que alguns estudiosos disseram, só o que pode ser provado com bases documentais é que pode ser considerado seguro.
E foi assim que vi cair por terra a teoria de dança guerreira e a dos trajes a imitar a vestimenta dos soldados romanos ... fiquei mesmo com a dúvida se a dança tem algo a ver com os romanos. Foi muita informação junta e precisarei de mais tempo para destrinçar com mais calma o Dossier disponibilizado, repleto de fontes fidedignas de quem tem estudado o assunto nos últimos séculos.
Também não consegui compreender completamente a passagem de danças ligadas a ritos pagãos de fertilidade e fecundidade a danças religiosas, que é como elas aparecem nos primeiros registos em Terras de Miranda, sobretudo na festa do Corpo de Deus.
O ritmo foi intenso e não houve muito espaço para o diálogo. Também me parece que o diálogo levaria a conversa para as ideias feitas, que são reproduzidas em cada atuação de um grupo de pauliteiros. O objetivo era romper com essas ideias feitas e o diálogo, a existir, iria ser moroso e nada producente.
 Os temas da tarde, ligados à descrição da dança e sobretudo à indumentária, não me levantaram tantas dúvidas. As fotografias, embora a preto e branco, permitiram conhecer bem mais a fundo as origens e a evolução dos trajes. Saias ou calças, fitas ou penas, com colete ou em mangas de camisa, também os trajes mostram a diversidade própria de cada aldeia. Não se sabe bem quando surgiu a saia, embora se tenha a certeza que ela já existia aquando da deslocação do primeiro grupo a Inglaterra. Cai, assim, por terra a crença da saia ter tido origem nessa deslocação.
A documentação fornecida não inclui as fotografias antigas. Muitas estão disponíveis na Internet, em sítios vários, mas a descrição, a datação e a sua origem é que pode já não ser a correta. Quem conta um conto, acrescenta um ponto.
Estive sempre com esperança de ver um pauliteiro trajado, de ouvir o ti Aureliano a tocar a fraita, a gaita de foles do Paulo Meirinhos ou do Ricardo Santos, todos os três presentes no curso, mas tal não veio a acontecer.
Danza del Paloteo - Espanha
Já depois do horário previsto e no encerramento do curso, a discussão desenvolveu-se à volta da mercantilização dos Pauliteiros. Os Pauliteiros (de Miranda) são solicitados para as mais variadas festas, em Portugal e no estrangeiro. Muitas das vezes são convidadas pelo município para representarem o concelho nos mais variados cantos do país e não só. Acontece que nem sempre o fazem com brio e profissionalismo. São recusas à última da hora, danças mal executadas, comportamentos lamentáveis dentro do palco e fora dele. Embora este não fosse o tema do curso, ficou patente a necessidade de apostar na formação e na melhoria dos grupos, enquanto tocadores e bailadores e de pessoas enquanto embaixadoras de uma região e de uma cultura.
Este problema é de tal forma preocupante que o Sr. Presidente da Câmara avançou com a possibilidade de reunir todos os grupos, já em Dezembro para discutir com eles estas questões.
Pela minha parte, adorei o curso. Foi muito teórico e denso, mas muito interessante. Estou pronto a frequentar mais formação nesta área, cursos ou oficinas. O saber não ocupa lugar é por estas e por outras que Miranda é um lugar especial para mim.

30 de junho de 2014

Galandum Galundaina - L cura stá malo

L Cura stá malo, l Cura stá malo
Malico an sue cama
Chiribi chiribaina, malico an sue cama

Ne l meio de la nuite, ne l meio de la nuite
Chamou la criada
Chiribi chiribaina, chamou la criada

Que ten senhor Cura, que ten senhor Cura
Que tanto me chama
Chiribi chiribaina, que tanto me chama

Trai-me l chocolate, trai-me
Cun pouquito d'auga
Chiribi chiribaina, cun pouquito d'auga

La auga stá fonda, la auga stá fonda
Nun le chega la bara
Chiribi chiribaina, nun le chega la bara

Tengo eiqui you ua, mais que meia bara
Que le chega a l'auga
Chiribi chiribaina, que le chega l'auga

Als nuobe meses, i a ls nuobe meses
Pariu la criada
Chiribi chiribaina, pariu la criada
Chiribi chiribaina, chiribiribaina

Pariu un curica, pariu un curica
Cun gorra i sotaina
Chiribi chiribaina, cun gorra i sotaina

"Bóta-lo al spício!!"
Botar-lo ne l spício, botar-lo ne l spício
Nun me dá la gana
Chiribi chiribaina, nun me dá la gana

Tengo eiqui dues tetas, tento eiqui dues tetas
Cumo dues maçanas
Chiribi chiribaina, cumo dues maçanas

Que dan tanto lheite, que dan tanto lheite
cumo duzientas cabras
Chiribi chiribaina, cumo duzientas cabras

9 de maio de 2014

Senhora da Luz

 No dia 27 de Abril andava eu "perdido" perto do Palancar a fotografar uns lameiros quando me apercebi de grande movimento de automóveis na estrada. Não me pareceu normal e perguntei a um senhor que apascentava a sua burrica a razão de tal volume de transito.
- Então não sabe?! Hoje é a Luz!
 Fez-se luz na minha cabeça. A Luz significa a festa a Nossa Senhora da Luz, em Constantim, uma festa/feira das maiores que se fazem no concelho de Miranda e com características únicas, visto tratar-se de uma evento internacional.
Das vezes que fui a essa feira recordo sempre o mau tempo. É estranho mas no alto do cabeço, bem na raia, fez sempre um vento quase ciclónico e por vezes chuva. Isto apesar de a feira se realizar sempre no último domingo de Abril. Também recordo que aqui se compravam as primeiras cerejas do ano, a um preço nada de feira, mas era o preço da novidade.
Rumei a Constantim e à Senhora da Luz.
Não pretendia demorar-me e tinha algum receio se encontraria onde estacionar, mais ainda era bastante cedo e consegui levar o carro até às imediações da capela. Numa hora mais tardia isso seria impossível.
Visitei a capela. Não gostei de ver os "anexos" que foram construídos de ambos os lados. De um lado um grande coberto metálico, para abrigar os celebrantes das cerimónias religiosas. O altar já estava a mais tempo. Do outro uma construção em alumínio pareceu-me que dedicada à venda de recordações, talvez por parte da Comissão de Festas.
No interior já estavam dois andores, o de Nossa Senhora da luz e o de S. Marcos, que seriam o centro das atenções nas cerimónias religiosas.
Havia muita ente no interior da capela, curiosamente mais espanhóis do que portugueses. Todos faziam questão de tirar uma fotografia em frente ao andor de Nossa Senhora da Luz e eu limitei-me a fazer algumas de longe, para não perturbar muito.
Há algum tempo atrás a linha de fronteira marca os territórios para os feirantes espanhóis e para os portugueses. De um lado pagava-se com pesetas, do outro com escudos! Do lado português, como bons negociantes que somos, também se aceitavam pesetas, mas no lado espanhol não havia um procedimento semelhante. Hoje esta divisão dos feirantes não é tão notória e paga-se tudo em euros.
Havia de tudo à venda! reparei nas fruteiras e no bacalhau por parte dos portugueses e nas navalhas e presunto do lado espanhol. Não faltava calçado, roupa e barracas com comes e bebes. Muitos dos romeiros lavaram merenda. Preparavam-se par estender uma manta no chão comer a deliciosa merenda à sombra das muitas árvores que existem no monte em redor.
Subi ao ponto mais alto onde existe um marco geodésico. Há marcos de marcam a linha de fronteira, que se perdem na distância.É um bom miradouro este.
Não fiquei para as cerimónias religiosas. Aproveitei para seguir para Constantim onde fiz algumas fotografias pelas ruas e segui depois para o Nazo.


2 de maio de 2014

Cores da Primavera (01)

 Algumas pinceladas de cor, colhidas no Parque Urbano do Rio Fresno nos passeios matinais.

22 de março de 2014

L tiempo

Miro pa l cielo
i beio l tiempo a passar,
salto pa l agarrar
porque l quiero tener
preso nun gaiolo,
porque anquanto stubir preso
nun bola, nun salta
i a naide fai peso,
quedando todo cumo está;
tiro deiqui, pongo aculhá,
i el siempre preso,
sien poder fugir
l çtino parado,
seia l que Dius quejir.
Mas un die el fuge
I tiempo sbolaça
naide queda cumo era,
naide cumpre cumo amenaça
naide fai cumo bérrio
i l tiempo siempre a passar
quien me dirá a mi
matar-te para te parar.

Hugo Torrado, 10ªanho
Liceu de Miranda
La Gameta, rebista de is alunos de lhéngua i cultura mirandesa
númaro dous
setembre-junho 2004/2005

18 de março de 2014

Adonde stás?

Adonde stás?
An gametas.
Dás-me deilhas?
You darei.
Pon-te aí,
que you çcansarei.

Adonde stás?
An gamefas.
Dás-me deilhas?
You darei.
Toma-las alhá,
que you te las darei .

Jogo tradicional mirandés reculhido por
Ana Rita, 9°ano, Scuola de Sendin

La Gameta, rebista de is alunos de lhéngua i cultura mirandesa
númaro dous
setembre-junho 2004/2005

3 de março de 2014

Un suonho

You querie ser ua maripousa
ou un reissenhor,
talbeç ua debanadeira
ou ua rubialba,
querie tener un par d'alas
para poder bolar.

Bolar, bolar, bolar
bolar, bolar sien parar
acontra las nubres
até las óndias de I mar.

You querie ser ua rosa
ou ua dália,
talbeç ua malgarida
ou un lírio,
para poder florir
i no campo drumir.

Florir, florir, florir
florir, florir an quebres
burmeilhas i azules
i la natureza sentir.


Ana Patrícia Poço, 5º anho,
E.B. 2,3 de Sendin.

La Gameta, rebista de is alunos de lhéngua i cultura mirandesa
númaro dous
setembre-junho 2004/2005

19 de fevereiro de 2014

Sabores Mirandeses 2014

O festival Sabores Mirandeses que se realizou em Miranda do Douro nos dias 14, 15 e 16 de fevereiro foi uma boa desculpa para passar estes dias no concelho, embora não fosse necessário, porque o concelho já oferece motivos mais que suficientes para me cativar, mesmo sem festival.
À volta dos sabores desenvolvem-se uma série de atividades que atraem muita gente e mostram o grande potencial que o concelho tem.
No campo da gastronomia, o festival é a maior montra do que de melhor se produz no concelho. Este foi a XIII realização do evento. Ao longo dos anos muitas cozinhas tradicionais foram aprimorando a arte de fazer fumeiro e muitas mãos habilidosas tornaram cada vez melhores um conjunto de doces e bolos que também são imagens de marca.
Na área do artesanato também não faltam bons produtos, únicos, como a capa de honras mirandesa ou as cortantes navalhas e faças que se fabricam em vários locais do concelho.
A animação musical não tem necessidade de recorrer a grupos exteriores ao concelho, porque há um bom leque de grupos de Pauliteiros e Pauliteiras e estão a constituir-se novos grupos que tocam instrumentos tradicionais, muitos deles já com CD's editados. A juntar a tudo isto a TVI realizou a partir de Miranda do Douro o programa Somos Portugal, em direto, das 14 às 20 horas de domingo.
Não me foi possível acompanhar a maior parte das iniciativas mas passei muito tempo no Pavilhão Multiusos, fotografando e saboreando alguns dos petiscos que se encontravam à venda.
No dia 15 realizou-se ao I Concurso de Tabafeia Mirandesa. Tabafeia é o nome dado à alheira em Miranda do Douro. Com este concurso nota-se uma preocupação da Câmara Municipal e da Associação Sabores de Miranda neste produto. O processo de certificação já foi iniciado e este concurso foi mais um passo para concentrar atenções no produto. Apresentaram-se 10 concorrentes que foram apreciadas por um leque de três provadores, que selecionaram as 3 melhores Tabafeias.  Gostos não se discutem, mas a verdade é a de que a atribuição dos prémios se refletiu nas vendas. Os três produtores vencedores conseguiram vender todo o stock com grande rapidez.
Durante o dia apresentaram-se dois grupos de Pauliteiros, os de Sendim e os de Palaçoulo.
À noite atuou a Banda Filarmónica Mirandesa, cada vez mais jovem e alegre e o grupo Lenga Lenga. Estive sem ouvir os Lenga Lenga até ao ano passado, mas agora já tive o prazer de os ouvir  e ver 3 vezes. Gosto muito da música tradicional. A flauta pastoril é o instrumento que mais admiro e o grupo faz bom uso deste instrumento.
O movimento na feira também aumentou bastante com a chegada dos participantes no Passeio TT e da Montaria ao Javali realizada no termo de Vila Chã de Braciosa, onde foram abatidos 4 javalis.
O domingo amanheceu mais luminoso e sem chuva, o que permitiu um largo passeio pelos arredores da cidade em busca das amendoeiras em flor.
Ao início da tarde começou a transmissão em direto pela TVI do programa Somos Portugal. Não sou apreciador do tipo de música que o programa apresenta e os apresentadores têm cada vez uma linguagem mais ordinária. Por vezes dão até uma imagens distorcida do concelho, ridicularizando os entrevistados e gozando com os produtos. Não posso é negar que estes programas atraem muitas pessoas!
 Uma curta passagem pelo Largo D. João III fez-me perder algumas atividades como o II Concurso de Mel do Planalto Mirandês e o I Concurso de Bola Doce Mirandesa. No Pavilhão atuaram também o Coro da Universidade Sénior de Miranda do Douro, Ls Mirandum e Varibombos Lérias.
O espaço estava a abarrotar de gente e as vendas ocorriam a bom ritmo. Já no dia 15 vi algumas bancas praticamente vazias, porque tinham vendido todos os seus produtos.
Quase no final da feira atuaram os Pauliteiros de Malhadas.
Os participantes na Montaria ao Javali, ocorrida durante a manhã em Paradela não fizeram o gosto ao dia e  não abateram nenhum animal. Os participantes no no passeio BTT tiveram sorte com o tempo, mas sei bem como são os caminhos do concelho quando estão encharcados.
Quanto à atividade VI Rota das Arribas do Douro, nem sei de que constou! Não me lembro de ver nenhum cartaz... seria um passeio pedestre?
Não fiz nenhuma refeição no recinto do festival. Só depois de muito procurar e que fui informado que o dia 14 foi o Dia do Fumeiro, o dia 15 o Dia do Cordeiro Mirandês e dia 16 o Dia da Vitela Mirandesa. Realmente estava no programa, mas passou-me despercebido. Não me parece que o certame atraia visitantes para comerem no recinto. Claro que os participantes nas batidas, provas de TT, de BTT, e expositores já são muita gente, mas não é destes que estou a falar. Pode ser uma estratégia para que os visitantes se distribuam pelos restaurantes da cidade, mas parece-me uma má opção.
 Acho que no recinto da feira devia haver mais alternativas paras as pessoas provarem os bons pratos mirandeses, fossem eles de cordeiro, de vitela ou outro.
O Festival Sabores Mirandeses foi um excelente ponto de encontro, para rever amigos, uma mostra excecional do fumeiro, doçaria, cutelaria, mel, frutos secos e outros produtos dos do concelho. Compradores não faltaram e, pelos comentários que ouvi, as vendas correram muito bem.
Nos próximos dias não vão faltar Sabores Mirandeses aqui em casa.

8 de janeiro de 2014

Fogueira do Galo

No dia 24 de Dezembro é habitual em Miranda do Douro fazer a tradicional fogueira do galo. Logo pela manhã, os jovens mirandeses partem acompanhados do seu farnel, para o monte, a fim de cortar, carregar e transportar a lenha, nos típicos carros de bois para o adro da Sé.
    Depois dos carros carregados, faz-se uma pausa para saborear os tradicionais petiscos que compõem o farnel; bacalhau cru, alheiras, chouriças, chouriços, presunto e carne assada. Tudo isto acompanhado de bom pão e vinho tinto. O fim da tarde aproxima-se e os mordomos organizam a partida para a cidade. Os carros de lenha são puxados por todos os rapazes que participam alegremente nesta festa. A sua passagem pelas ruas atrai a atenção de toda a população e em especial dos turistas que aproveitam para tirar fotografias.
    Chegados ao adro da Sé, descarregam a lenha num amontoado de pneus e troncos de árvores já para aí transportados por um camião.
    Tiradas as usuais fotografias no escadario da Sé, a mocidade regressa a casa para em família fazer a tradicional ceia da Consoada.
    No início da noite, a fogueira é acesa, sem que ninguém dê conta de quem a acendeu.
    Por volta da meia noite os sinos tocam para a missa do galo. Toda a população comparece nesta missa, para ver a fogueira, o presépio, beijar o menino e entretanto ouvir os rapazes cantar as interessantes versões das tradicionais canções do beijai o menino.
    Terminada a missa, as pessoas reúnem-se à volta da fogueira, num cordial convívio de Natal e troca mútua de votos de Boas Festas.

6ºA - Português
EB2 de Miranda do Douro, 1998