29 de agosto de 2012

L burro i l gueiteiro (3) 28 de julho

No dia 28 de junho as atividades do festival itinerante L Burro I L Gueitero  eram imensas. Agora já sediado em Aldeia Nova, repetiu uma manhã de oficinas. Algumas eram repetidas do dia 26, mas havia outras novas. É o caso da Construção de Origamis e As Aves do Vale do Douro.
Só cheguei a Aldeia Nova ao início da tarde, em hora de relaxamento. Aproveitei para dar um passeio pela aldeia, onde não estava já há algum tempo.
Já não cheguei a tempo de assistir ao Concerto na Curralada, por Jorge Ribeiro, mas foi muito interessante visitar uma casa típica e verificar como era a maneira de viver de outros tempos.
 No recinto onde estava instalado o palco do festival também havia algumas coisas para ver. No bar Burriqueiro não faltavam clientes e nas tendas vendiam-se recordações e alguns produtos regionais. Comprei alguns postais para a coleção que faço desde criança. Achei piada aos cinzeiros portáteis! Seria mais fácil não fumar, mas a ideia é interessante. 
Passeei pela aldeia e falei com alguns moradores. As pessoas do Planalto são, por norma, abertas e hospitaleiras. Com tanta gente a circular pelas ruas o ambiente era ainda mais propício à troca de dois dedos de conversa.
Distrai-me tanto que perdi a saída dos participantes em passeio de burro, desta vez entre Aldeia Nova e Pena Branca. Podia seguir a pé, tentando alcançá-los, conheço bem os caminhos, mas optei por ir de carro até Pena Branca e esperar pela sua chegada.
O grupo era ainda maior do que nos dias anteriores e fazia-se ouvir à distância. O som da gaita de foles mexe comigo e fez-me sentir emoções estranhas. Eram muitos os sons e as idades, com muitas crianças a participarem.
O que se pretendia em Pena Branca era fazer uma visita ao Centro de Acolhimento do Burro, uma espécie de lar de idosos para burros. Esta é a alternativa de vida para muitos animais que de outra forma acabariam abatidos para servirem de alimento para cães ou lançados pelas arribas para alimentar abutres. Há muitos animais, mas todos são bem tratados. São conhecidos pelos nomes e os tratadores sabem como cada um se comporta. Os primeiros exemplares com que a Associação começou a fazer os passeios, já aqui estão, é que o tempo não pára.
Tive também o prazer e foi mesmo um prazer, de ver atuar o grupo Coletivo das Facécias. Trata-se de um grupo de comediantes que faz pequenas cenas inspiradas nos jograis e trovadores da idade média. Tiveram imensa graça e não me importava de os ver mais vezes.
Os burros foram alimentados e o grupo partiu de regresso à base, Aldeia Nova. Eu, pela minha parte, aproveitei para revisitar locais que normalmente visito, de cada vez que vou a Miranda do Douro, Palancar e Malhadas.
À noite consegui convencer a família a acompanhar-me aos espetáculos em Aldeia Nova. O nome que me soava era Roncos do Diabo, mas havia mais a ouvir.
A noite estava fria, diria mesmo gelada. O ambiente estava animado, com muita gente do concelho, não participantes no festival, a assistir aos espetáculos.
O primeiro grupo a atuar foi o Quinteto Reis 84. Trata-se de um grupo da terra que sabe o que o povo gosta, que toca com prazer e que o consegue transmitir. Seguiu-se-lhe Terra Viva de João Pedro Marnoto, Charanga e Roncos do Diabo.
O meu leque de gostos musicais é bastante alargado mas o tempo em que o grupo Charanga esteve a atuar custou muito a passar. Pelo contrário, quando começou a atuação do grupo Roncos do Diabo o recinto ganhou vida e a festa parecia outra.
A noite já tinha passado do meio, quando regressei a Miranda.
Com esta terceira visita ao festival itinerante l burrro i l gueiteiro encerrei o meu acompanhamento do evento.
No dia 29 a festa continuou com um passeio de burro a São João das Arribas, local com uma beleza ímpar na região e em Portugal. À noite houve mais música, com a atuação do grupo do planalto Galandum Galundaina, que com a sua Associação integraram a organização do evento.

16 de agosto de 2012

L burro i l gueiteiro (2) 27 de julho

Cruzeiro junto à capela de San Martinico
O programa do dia 27 de junho do Festival itinerante L burro i l gueiteiro, incluía um passeio de burro entre Paradela e Aldeia Nova, com paragem na pequena capela de San Martinico, para um almoço campestre. Confesso que tinha vontade de voltar a o este local, onde apenas estive uma vez, e não nas condições atmosféricas mais agradáveis. Foi durante uma prova em BTT, em que choveu imenso. Por isso convidei o meu filho mais novo para um passeio e assim esperarmos a meio do percurso a passagem da caravana. Inicialmente tivemos medo de nos termos enganado no local, tal era a calmaria, mas, pouco depois das 11 da manhã chegou a primeira carrinha com a logística necessária para ser servido o almoço, junto da pequena capela.
"Pelotão" da frente do Passeio de Burro
Cansados de esperar, decidimos caminhar um pouco em direção a Paradela. Se nos tivéssemos esforçado um pouco teríamos chegado a aldeia. Sentámos-nos à sombra de alguns freixos, num local fresco, à espera que aparecessem.
"Participantes no Passeio de Burro
Enquanto circulava pelas borda de um lameiro seco encontrei muitos exemplares de peónia que é conhecida por rosa albardeira, ou ramo de raposa (Paeonia broteroi). Foi pena que a época de floração já tivesse passado porque as flores são muito bonitas. Foi a primeira vez que as vi em pleno Parque Natural do Douro Internacional, apesar de há muito tempo saber que faziam parte da flora do parque.
A passagem de uma senhora conduzindo uma manada de vacas sossegou-nos, informando-nos que o grupo se aproximava e pouco tempo depois já se ouviam.
Sementes (imaturas de rosa albardeira (Paeonia broteroi)
Estava à espera que fossem muitos, mas nunca tantos! Agora sim fazia sentido a designação l burro i l gueiteiro. Eram muitos os burros e bastantes os gaiteiros, mas também tocadores de bombo e outras percussões. Gente de todas as idades, em carroças, nos burros e a pé, unidos pela poeira e pelo som dos instrumentos tradicionais. A caminhada foi curta, mas deu para ver que muitos dos participantes não é gente habituada a esforços mais violentos. O objetivo não seria tanto o esforço físico, mais mais o prazer se sentir a natureza, de uma forma ecológica e divertida.
Capela de San Martinico (Paradela)
O grupo chegou a San Martinico, local de almoço e de sesta burriqueira. Os burros ao encontraram-se livres dos pesos que carregavam e dos próprios arreios. Estenderam-se pelo lameiro, mais desejosos de sombra do que da ressequida erva da cor da própria terra. Os caminheiros também procuraram as sombras. Estenderam mantas no chão e deitaram-se nelas. A proximidade com a terra também é uma das características dos participantes nestes encontros.
Fim da primeira etapa - libertação dos animais
 Tive também a oportunidade de ver o interior da pequena capela. As duas pequenas imagens que representa S. Martinho não têm qualquer valor comercial ou artístico, e ainda bem porque o local já foi assaltado por várias vezes.
Quando o grupo de acomodou à espera do almoço, abandonamos local. Também para nós estava na hora de almoço e não tínhamos marcação.
Vista geral de um grupo de participantes
 Depois do almoço e da sesta burriqueira, o grupo continuou o seu passeio de burro até Aldeia Nova, onde o festival teria a sua sede nos dias seguintes.

13 de agosto de 2012

L burro i l gueiteiro (1) 26 de julho

Concentração dos participantes
 A festival o l burro i l gueiteiro já vai na 10 edição. Organizado pela  Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino e pela Galandum Galundaina Associação Cultural, e tratando-se de um festival itinerante, mexe com  algumas aldeias do Planalto Mirandês, e esta 10ª edição prometia repetir o sucesso das anteriores.
Oficina de construção de Deltamboris
Apesar de eu ter alguma curiosidade, fotográfica, mas não só, não só nunca participei nem nunca estive perto, para sentir a pulsação do festival. Não é em qualquer lugar, nem para todos, mas é curioso em ver de perto o espírito que leva dezenas para não dizer centenas de pessoas a percorrerem a pé, ou de burro os caminhos do Planalto Mirandês, ao som de instrumentos tradicionais.
Oficina de Tratamento e Conservação de Palhetas
Os meus afazeres também não me deixavam participar este ano, mas, quis o destino que eu me deslocasse a Miranda do Douro nos dias em que se iniciou o festival! Depois de conversar com uma pessoa envolvida na organização optei por comparecer nalgumas atividades como espetador, para fazer algumas fotografias.
As aldeias "privilegiadas" na 10ª edição foram Paradela e Aldeia Nova, onde o grosso das atividades foram concentradas, realizar-se atividades esporádicas em aldeias vizinhas destas.
Oficina de Percussão
No dia 26 de julho, ao início da manhã já estava eu em Paradela. Os que chegaram à hora marcada podiam contar-se pelos dedos de uma mão! Não pude deixar de me recordar uma edição da Festa dada Aves, em Vila Chã da Braciosa, em que participei. É fácil de constatar que os participantes nestes eventos não são adeptos de relógios.
Oficina de Flora Recreativa
 Aproveitei a acalmia para tomar um café. Fiquei surpreendido por ainda haver dois cafés na aldeia.
Ao poucos foi-se juntando uma pequena multidão, com pessoas de varias idades e falando diversas línguas.
A organização preparava o salão para servir de cantina e na igreja matriz ensaiavam-se melodias de encantar.
Durante a manhã decorreu um vasto conjunto de oficinas. A minha ideia era circular e fazer o registo de todas mas não me foi possível. Mesmo assim, consegui cobrir um bom número de atividades.
Foi interessante verificar que todas as oficinas tiveram numerosas inscrições.
Oficina de Dança dos Pauliteiros
Na antiga escola primária funcionaram as oficinas: tratamento e conservação de palhetas e construção de tamboris. Ambas tinham a orienta-las músicos de grupos Mirandeses. O primeiro do grupo Lengalenga - Gaiteiros de Sendim e o segundo do grupo Galandum Galundaina.A primeira oficina destinava-se a gaiteiros, já conhecedores dos problemas das palhetas, já a segunda oficina juntou pessoas de diferentes idades, que transformaram uma lata de café em sonoros tamboris!
Oficina de Cantares Tradicionais
Na escola estavam expostos trabalhos realizados nalguma formação de adultos que houve na aldeia. Também havia expostas fotografias e trabalhos dos últimos alunos que fermentaram a escola, penso que com o Professor Vasco.
Num lameiro próximo funcionou uma oficina de percussão. Não sei se pela mestria do orientador (Sond' Art), se pelos conhecimentos prévios dos participantes, se pela facilidade em tocar a caixa, o bombo e o tamboril, o certo é que o grupo acertou, e fez sair dos instrumentos uma batucada agradável.
Gado de raça Mirandesa
Também gostei de ver a oficina de dança dos Pauliteiros. Foi necessária muita repetição e algumas pauladas nos dedos, para que o grupo ganhasse alguma sincronização. Os ensaiadores eram jovens, mas já com muita experiência (e paciência). Os aprendizes de "Pauliteiros" eram quase na totalidade mulheres. Ainda fiz uma rápida passagem na oficina de Arte e Natureza, Cantares Tradicionais e Flora Recreativa, mas havia muitas mais oficinas, espalhadas pela aldeia.
Igreja matriz de Paradela
Algumas vacas mirandesas que passaram ajudaram a pintar o quadro, só faltou mesmo ouvir o som gaita de foles a ecoar pela paisagem.
Já passava muito do meio dia quando abandonei Paradela. A tarde e a noite prometiam muita animação e música de qualidade. Fiquei com pena de não ouvir o grupo Chominciamento di Giota. Alguns minutos de ensaio a que assisti na igreja matriz de Paradela deram para perceber que a magia ia acontecer. Espero encontrar este grupo no futuro. Gosto de grupo Al Medievo, mas este é mais fácil de encontrar nas feiras e recriações medievais.